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| CRÍTICAS DE NOVELA #5: "O QUE A VIDA ME ROUBOU" (Lo que la Vida me Robó)

Produção da Televisa sob o encargo de Angelli Nesma Medina, "O que a Vida Me Roubou" (Lo que la vida me Robó) é uma daquelas novelinhas superestimadas que deixam a desejar, frusta quem esperava mais consistência e atrai o público pelo casal protagonista. Para começar, existem muitos furos e erros grosseiros na adaptação para os "tempos atuais" de uma novela que se passava originalmente no século XIX (19) e que resultou-se num êxito. A trama que originou este remake é "Amor Real", uma produção de Carla Estrada baseada nos textos de Caridad Bravo Adams, realizada em 2003 com os nomes de Adela Noriega e Fernando Colunga como estrelas e que chegou ao Brasil pelo SBT no ano seguinte. Vale lembrar que Silvio Santos a elogiou no "Roda a Roda Chevrolet" ao dizer que era uma das melhores novelas que já havia exibido.

Diferente de "Amor Real" só a breguice de mais uma "novela rural" com todos os estereótipos que teria alguma de dez anos atrás ou simplesmente o bom senso.
Angelique Boyer dá vida a Montserrat, uma moça que é obrigada por sua mãe, a se casar com um homem rico para salvar a família da ruína. Já Sebastián Rulli, é o trouxa que aceita casar com ela nessas condições. Daniela Castro é a mãe de Montserrat, a mulher que até o início da sinopse move a história. Luis Roberto Guzmán é até o primeiro instante o grande amor da vida da protagonista.
Os destaques do elenco são Ana Bertha Espín, Eric Del Castillo e Daniela Castro. Ana Bertha é a empregada que guarda por trás de seu uniforme um segredo: é a mãe de Alejandro e faz questão de que o filho não saiba disso. Eric é o padre que tenta aconselhar os protagonistas e quem mais for preciso e Daniela, choca o público com a ambição de sua personagem e se consolida cada vez mais como uma grande atriz que se entrega à cenas fortes, emocionalmente falando. Três grandes talentos que tornam papéis pequenos ou grandiosos num verdadeiro espetáculo.

Se fosse pra atualizar a novela que fosse no sentido literal, não só pelos figurinos, estética e cenários. Os adaptadores resolveram reescrever a novela como se ainda fosse cabível que alguém venda a filha para quitar as dívidas e tirar os pés da lama. Como se fosse real que dois homens duelem pelo amor da mesma mulher e que no fim, esse duelo seja totalmente inútil para os acontecimentos posteriores a ele. Duvidar de uma paternidade quando a ciência evolui cada vez e fique escancarada a possibilidade da realização um exame de DNA. Usar o velho argumento da mulher feia que cai no golpe de um homem ao se casar graças a sua fortuna e que em certo ponto, passa por uma transformação e fica linda. Difícil ainda é acreditar que na zona rural só é possível comunicar-se através de cartas, onde não exista internet ou de forma escassa os celulares e ainda, que os filhos dos empregados sejam reclusos à educação. Melhor, que alguém leve o amante para morar na mesma casa, trabalhe para o seu marido e ele não desconfia de nada só porque o dito cujo usa um outro nome. Armar uma emboscada pro seu "querido patrão" e salvá-lo da armadilha.
Seria mais realista para séculos passados que um homem obrigasse sua mulher a fazer amor com ele, mas no nosso tempo isso é estupro. O estupro que é defendido de forma estúpida pelo público e dentro da novela. Seria tipo "eles são casados, então não é nada demais". Mas é aquela história: botem a música tema deles e fica romântico, muda o panorama da cena. Melhor ainda, se o estuprador for bonito e ficar com a mocinha no felizes para sempre no último capítulo, não é estupro. Se você pensa assim, reveja seus conceitos.

Montserrat assume a figura da mulher de família, recatada e do lar; Alejandro é o homem machão que cuida dos negócios e possui personalidade forte e autoritária. Formam um casal interessante e com química, até pelo fato desse romance da ficção ter partido para a vida real. Entre vai e vem, mortes e às vezes em que Alejandro vai preso, a situação fica repetitiva e ainda mais quando um bate com o orgulho do outro.



Sergio Sendel dá vida a um personagem completamente abusivo e nojento: Pedro Medina, o prefeito corrupto do município. O homem que trata a mulher como se fosse um cachorro, que usa sua posição junto à polícia local para se favorecer, que bate no elenco feminino não apenas uma única vez (como foi o caso de Esmeralda e Maria). O mesmo ainda guarda um grande segredo: perdeu os testículos depois de se acidentar numa cerca de arame farpada. O mais curioso é que se casou e nunca teve relações com sua esposa, já que escondeu dela esse fato sigiloso por muito tempo. O sentido de tudo isso eu não sei.

Quase 200 capítulos para contar uma história que na versão dos anos 2000 demorou 95 capítulos de um ritmo incessante. Quando o enredo acaba, entram novos personagens para enrolar bastante e sinceramente, novelas muito grandes me cansam e o ritmo que esta apresenta desde o início deixa uma dúvida no ar. A direção e a fotografia são muito boas, mas falta mais agilidade.
Sobre a agilidade, chega a ser exagerado o número de assassinatos que são cometidos até o final, o que se tornou uma marca da Angelli atual e choca com uma intensidade em violência e destoa o clima de romance. Intensas também são as cenas de sexo de Montserrat e Alejandro(Alessandro) que são desfocadas por algum objeto presente em cena.

Quem acompanha pelo SBT sofre com cortes pela classificação indicativa, pela qual pensávamos estar com os problemas resolvidos quando foi reformulada, muito pelo contrário. Outro problema é que sumiram com a abertura deles (pelo menos no sinal Rede) que já não era grande coisa. Uma aberturazinha que seja todo dia seria muito bom, principalmente pelo tema interpretado por Enrique Iglesias e Marco Antonio Solís, "El Perdedor".

"O que a Vida Me Roubou" está longe de ser uma novela muito boa ou imperdível, fica entre o mediano. É entretenimento para quem tem paciência e gosta de "voar" (como já diria Glória Perez) junto. Talvez se não houvesse um descontrole na adaptação, nos textos e o deslumbre pelo sucesso, teria sido uma novela mais impactante e gostosa de se acompanhar e assim, alcançasse 11 pontos nos piores dias no SBT.


Numa escala de nota que equivale de 1 a 5 pontos, esta é a minha avaliação.







Obrigado pela visita e até a próxima!

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. E ainda tem o fato de quererem transformar o José Luis em vilão quando ele de longe foi o maior injustiçado da novela. Ah, mas ele tem feito coisas terríveis nessa segunda fase da novela... Pois, nada muito diferente do que o Alessandro fez na primeira.

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    1. pensao igueal a vc, aquela Monserrat não mrtrvis o amor dele. e ainda nao tem amor proprio, o Akessandro causou a amorte do pai que ela dizia amar tanto, a desprezou, humilhou e maltratou quando desconfiou que o filho que ela esperava não era dele, e a cara de pau de pedir para colocar o nome dele na filha do outro, José Luis a amou incondicionamente desde o inicio. E aquele irmao dela, não tenho nem adjetivos, rs, e ainda mal tinha entrado na marinha se tornou capitão, rsrsrs, e ainda saia batendo em todo mundo na maior cara de pau, a honestidade em pessoa, aff mt cansativa, uma vergonha.

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  3. Respeito quem não gosta mais eu em especial adoro, só acho que teve mortes injustas como a da Monica e a do Renato, mas fora isso é legal de se ver

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  4. Melhor novela mexicana! recaldados removem comentarios, democracia é lei!

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  5. Gostei muito da novela,porem so queria que o 2 filho da montserrat fosse de Alessandro.

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  6. Concordo plenamente com o autor, essa novela está muito longe de ser uma das melhores. O mesmo assunto entediante de sempre, o casal só tem química quando tem algum tipo de adrenalina, exemplo: estrupo, agressão moral, brigas e ai vai... E sim eu assisto e não significa que gosto eu apenas aturo, pq pra eu gostar disso ou tenho q gostar de clichês ou tenho q viver só no século passado e entendo que TV aberta é uma merda, faltam opções, por isso aguento essas novelas de segunda categoria. Mudem o disco no enredo dessas novelas, é sempre a mesmisse de sempre.

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  7. Ótima crítica! Concordo com tudo desde a primeira exibição, mas acho que as donas de casa noveleiras ainda vivem essa coisa utópica de novela, por isso, não percebem os grandes furos e situações descontextualizadas.
    Quando assisti a primeira vez, fui procurar se a novela retratava uma outra época, porque não era possível o que eu estava assistindo. Ainda sim, estou assistindo pela segunda vez.

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  8. Passando para dizer que essa novela apesar de ter batido 9pt teve uma média geral em audiência de 6,4, uma vergonha sendo que a meta era 7 e no passado sendo um fracasso foi 6,2 sendo que a meta era 8. O elenco de peso foi inútil nessa trama, ninguém salvou a trama mesmo o Eric sendo ator de peso não salvou a trama quanto menos o ator Osvaldo e outros conhecidos no Brasil, achei foi pouco ter fracassado e até tomei um vinho com isso. Se for exibida de novo, contem que a audiência será até abaixo de 6 ou pior, mesmo que tenha sido alta em alguns estados foi baixa na grande maioria do Brasil. Uma mulher se apaixonar pelo estuprador, só se for em novela mesmo.

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  9. Quase parei de assistir na metade.. Depois fui até o fim....também achei que estavam vivendo em outra época...qta boboreira...até aqui pior novela que assisti.. Terminando com um funeral...

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