#ANÁLISE: O SABOR DESSE "CAFÉ COM AROMA DE MULHER"

Impulsionado pela imagem de Guy Ecker e o sucesso de "A Mentira", o SBT levou ao ar a novela colombiana "Café Com Aroma de Mulher", adquirida em 2000 num pacote com outras novelas do país, estreando em solo brasileiro no ano seguinte.

Estreou originalmente em 1994 na Colômbia, seu país de origem, se tornando um verdadeiro fenômeno escrito por Fernando Gaitán que tinha o poder de fazer com que a população parasse suas atividades, como fechar o comércio mais cedo e entre outras coisas para sentir o aroma desse café(rs). Esse sucesso ocasionou um recorde de audiência que só foi superado em 1999 com outra história de Fernando Gaitán: "Betty, a Feia".

Os personagens foram bem criados e tiveram atuações impecáveis, a começar pelas encrenqueiras Lúcia e Lucrécia, interpretadas respectivamente por Alejandra Borrero e Silvia de Dios. Lúcia era persistente em suas crises de ciúme tolas, era bem chata, botou chifre no marido boa parte da novela e gostava de ostentar o sobrenome Vallejo.

Lúcia nunca conseguiu superar o nível de insuportabilidade de Lucrécia. Essa sim era osso duro. Possessiva, neurótica e julgadora da vida alheia são algumas "qualidades" que a definem. Além de tudo tinha um ciúme incontrolável por seu marido Iván Vallejo(que por incrível que pareça se amavam), um verdadeiro galinha que traía Lucrécia com suas milhares de amantes e aprontou até que levou a família Vallejo a ruína. Ou seja, casados por merecimento, um merecia o outro. Não podemos esquecer das famosas secretárias-espiãs que contavam a Lucrécia sobre tudo o que o marido aprontava.

A grande dama era a vovó Cecília que, com muita classe e sutileza conseguia calar a boca de quem quisesse, principalmente as já referidas Lúcia e Lucrécia e Ângela, a mãe de Ivan que se achava muito.

Das Vallejo a mais sensata e gente boa era Marcela. Ela nunca gostou e nem se dava com Lúcia, sempre desconfiou dela e tentou alertar o irmão, Sebastião. Sem esquecer do Harold, o namorado super alto-astral de Marcela.

Destaque especial para os penteados das damas Vallejo e de outras personagens. Algumas vezes elas circulavam com penteados toscos e até ridículos que chegavam a ser engraçados, assim como acessórios e roupas delas. Vinte anos se passaram desde que a novela foi gravada e chega a ser engraçado, em pleno ano de 2014, ver os disquetes, os pen-drives do passado serem citados e disputados.

Os protagonistas são Sebastião e Gaivota(ou #Sebastivota), interpretados respectivamente por Guy Ecker e Margarita Rosa de Francisco. A história do casal era o clássico amor proibido por pertencerem a classes sociais diferentes. Gaivota e Sebastião começam a se envolver e logo em seguida Gaivota é enganada e levada para fora do país para se prostituir, mas ela dá a volta por cima, deixando de ser uma simples catadora de café para se tornar uma mulher com certa influência no mercado cafeeiro. Enquanto isso os dois se encontravam e se amavam às escondidas e ele sempre dava uma enrolada nela(rs).

Gaivota era independente e gostava disso, era esforçada, batalhadora e boa de briga e também sabia cantar.

Sebastião com sua pinta de galã irresistível adorava se fazer de esperto, mas era bem o contrário. Foi chifrado pela esposa mais de uma vez, enganado por ela sobre o filho que não era seu e tinha umas crises de ciúme com Gaivota, que chegavam a ser cansativas e chatas.

Meu ponto positivo vai para a falta de cenas apelativas e de baixaria. Quando Gaivota dá uma (merecida) surra em Lucrécia, por exemplo, em momento algum vimos ela ralando a mão na digníssima. Fomos apresentados a barulhos de tapas que vinham de dentro de um banheiro e que ainda assim, causaram um ótima repercussão.

Meu ponto negativo vai para o surgimento da psicóloga Daniela(Cláudia Liliana González). Durante sua participação, justamente quando Sebastião e Gaivota estavam brigados, era notável que ele e a psicóloga tinham uma química forte. Mas foi um momento desnecessário(tirando o tratamento de Sebastião), vendo que não rolaria nada sério já que sabíamos que os protagonistas teriam de ficar juntos.

 

 Como esquecer do tema de abertura "Gaivota que voa longe longe, voa tão alto... ♪♪"? A cantora paranaense Sandra Porto eternizou a versão em português do tema original no coração e na memória de muitos brasileiros.

Falando em versão brasileira, um ponto interessante era que Carmela(Constanza Duque), dublada por Andrea Murucci, passou a citar personagens de novelas do SBT quando os relacionava a vida de Gaivota. Destaque para Telma da Costa, Peterson Adriano, Nair Amorim, Cláudia Martins, Nestor Chiesse, Izabel Lira, Rita Lopes, Mabel Cezar e Fabíola Martins, entre outros.

"Café Com Aroma de Mulher" estreou no SBT em 05/03/2001 e foi exibida até 03/09 do mesmo ano, de segunda a sábado às 20h15, substituindo a versão mexicana de "Esmeralda" e substituída por "Pícara Sonhadora", fechando sua exibição com 15 pontos na audiência e chegou a incomodar a Globo não só uma vez. Falando em sucesso, Margarita Rosa de Francisco veio ao Brasil nos visitar em 2001, onde participou do programa da Hebe e o "Programa do Ratinho".

Sua primeira reprise que ocorreu entre 08/08/2005 a 31/03/2006, foi um enorme sucesso. Agora em 2014 ela mostrou toda sua força, quando alguns duvidaram de seu poder, quando muitas vezes a maior audiência das novelas da tarde do SBT, incluindo as inéditas. Acredito que o sucesso se deu pelo fato do brasileiro ser noveleiro e principalmente por mexer com o café, já que fazemos parte do mercado do cafeeiro.

Enfim, "Café" foi uma novela bem escrita e centrada no que queria transparecer, com um casal que cativou o mundo e evidenciou ainda mais o talento de Gaitán. Mais uma vez Gaivota voou bem alto para descansar depois de ter completado seu ciclo. E você que assistiu, aprovou o aroma desse café colombiano?

| Veja também: Antes & Depois do elenco de "Café Com Aroma de Mulher.

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Até a próxima! =)