| CRÍTICAS DE NOVELA #2: "MAR DE AMOR"

Num ato de "desespero" para encontrar uma substituta para a reprise de "Cuidado Com o Anjo" e na ideia de colocar mais uma trama inédita no ar, o SBT estreou às pressas "Mar de Amor" na faixa das 16h00.

Graças a "Mar de Amor" o Brasil conheceu Zuria Vega, uma atriz talentosa da nova safra da Televisa em um papel pequeno demais pra ela. Estrella Marinha (ou Marina) era a típica boa moça das mais comuns "novelas rosas", uma garota inocente que acredita no amor verdadeiro e se apaixona pelo primeiro rapaz que vê e cai nas armadilhas que seus inimigos preparam para separá-la do amor da sua vida, passando também por uma transformação no transcorrer. É a mesma história de novo, a mesma fórmula que a produtora Nathalie Lartilleux não cansa de explorar: mais uma cheia de estereótipos e closes no rosto dos atores. .
O escolhido para o papel de protagonista masculino ficou para Mario Cimarro, que só complicou a novela dando vida à Victor Manuel. Mario e Zuria formaram um casal insosso, não havia como torcer pelos dois, definitivamente não havia química. Era irresponsável, desorganizado e inconsequente. Em cena, tinha uma aparência descuidada e má vontade de atuar, parecia estar sendo obrigado a ficar ali, totalmente inexpressivo. Nos bastidores arrumou confusão com Ninel Conde e Zuria Vega, além da equipe em geral. Não foi à toa que ainda tinha cerca de 40 cenas pra gravar quando foi demitido e "substituído" por outros personagens nas cenas que correspondiam a ele.

Quem chamou atenção e conquistou a torcida do público foi o casal formado por Mariana Seoane e Arturo Carmona: Oriana e Santos. Oriana deu os primeiros passos como vilã e no decorrer da trama, se arrependeu de seus erros e virou amiga de Estrela. Viviam numa relação de amor e ódio com Santos, aquela típica história de amor proibido e classes sociais diferentes. Era inegável a química que Mariana e Arturo tinham e o casal era muito mais interessante que os protagonistas.

O texto de "Mar de Amor" é terrível, muito ruim. "Você acabou com a minha cara!", "O que foi Estrelinha Marinheira?", "Sua Ratazana de Cemitério", "Minhas pernas não me sustentam!", "Você vai morrer!", "Isso não se faz com nenhum ser humano. Eu sei que você é um monstro, mas eu sou um ser humano" e entre outros bons exemplos de frases ridículas. Não dá pra esquecer da mania de chamar os personagens a todo momento por nome e sobrenome ou por alguma referência, como "Jovem Victor Manuel". A cena em que Simona revela a identidade do assassino do médico Hernán leva longos minutos embasados por um texto que roda em círculo e não sai do lugar. 
A dublagem não ajudou em nada já que o SBT resolveu usar a mesma realizada para a programadora africana Zap Novelas, a primeira deles. Dublagem paulista de qualidade duvidosa realizada pelo estúdio BKS, as vozes pareciam de desenhos ou de qualquer filme B. Definitivamente novela mexicana não combina com dublagem paulista, é quase uma tortura.
Os figurinos eram pobres em todos os sentidos, do contexto à confecção. Vestidos bem simples e esfarrapados, camisas quase abertas, calças de pano brancas e sandálias nem sempre eram preciso. Estrela, por exemplo, só usava um shortinho jeans e uma blusa cortada na altura do busto, pra que mais né?

As cenas são absurdas, banais. O "grande vilão" León Parra sequestrando Estrela e jogando água fria nela; o mesmo tentando se vingar dela vestido de palhaço e sendo atacado por um leão enquanto Estrela implora que o socorram; atirar em Estrela durante uma tentativa de tirar foto com todos os convidados(?) de uma festa onde as pessoas se abaixam pra se proteger do disparo (a pedido dela), exceto ela mesma. A louca Cacilda (louca é muito comum também) jogando uma pedra na cabeça da filha e nada de sangue ou ferimento. Simona empurrando Estrela, ela encosta na parede, cai num banco acolchoado e desmaia. Victor Manuel condenado a 50 anos de prisão por um assassinato e depois, dando aula na cadeia. Heleninha sendo atacada e sua irmã salvando depois de quebrar um vaso na cabeça do homem. Coral se arrastando com uma bengala e repensando no prazo de validade de sua vida. Oriana e Santos se segurando na varanda do apartamento de Coral, pendurados vigiando a mesma. Cacilda perdida desmaiando ao encontrar León e as diversas trocas de tapa e ofensas, entre muitas outras.

Erika Buenfil topou o desafio de viver uma louca com todos os estereótipos possíveis. Cita-se a impunidade em grande parte dos acontecimentos, como estupros. Estrela era fruto do estupro que sua mãe sofreu e por isso, enlouqueceu. Estrela e Cacilda conviviam com Guillermo como se nada tivesse acontecido. Outra que sofreu estupro foi Esperança depois de ser atacada por León e engravidar. Nada aconteceu novamente, León saiu numa boa e Esperança ainda levou a culpa.

"Mar de Amor" é uma novela vazia, não tem história pra levar 165 capítulos e se arrasta com nada, porque nada acontece. A sinopse é algo que não dá pra definir a novela com clareza. Talvez o texto nas mãos de quem sabe adaptar coerentemente, reparar falhas, preencher lacunas e dar coerência pudesse render uma novela interessante. 
Mas porque esse tipo de novela absurda faz sucesso? É o tipo de novela que não tem que pensar pra assistir, não tem que quebrar a cabeça. Tem os clichês que chamam atenção e quando você se dá conta, está preso ali. Se até o protagonista foi demitido, que credibilidade tem essa novela? É loucura demais, fuja!

Obrigado pela visita e até a próxima!