| CRÍTICAS DE NOVELA #3: "LÁGRIMAS DE AMOR" (Corona de Lágrimas)

De uma novela com um apelo jovial e social pra um drama mais sério, o SBT escolheu "Lágrimas de Amor" para substituir "Abismo de Paixão". Com foco na história de uma mãe e a luta pra criar e educar seus três filhos, Victoria Ruffo trouxe consigo novos talentos que surpreenderam.


Regina (Victoria Ruffo) é uma mãe dedicada capaz de qualquer sacrifício por seus filhos: Patrício, Edmundo e Ignácio. Passou por muitas dificuldades pela falta de dinheiro como seu problema de vista e pôde contar com a ajuda da vizinhança e de sua amiga, Julieta. O mais velho de seus filhos é Patrício (Alejandro Nones), que tem vergonha da família, renega a situação financeira e humilha a todos com sua prepotência e o desejo de subir na vida. Edmundo (Josemaria Torre Hütt) é uma boa pessoa, mas se meteu com péssimas companhias que o levaram a fazer escolhas ruins. Ignácio (Mane de la Parra) é o filho de ouro, humilde e batalhador, um rapaz capaz de tudo para ajudar a família e sua mãe. Cada um dos filhos tem uma lição pra ensinar e algo pra nos emocionar.
Victoria Ruffo deu um show em cena ao dar vida a uma mulher guerreira e ao apresentar com sensibilidade e cuidado o amor de mãe, exceto pelo exagero nas lágrimas. Alejandro Nones em certos momentos parece um pouco travado e quanto à Josemaria Torre e Mane de la Parra, ambos defenderam bem seus papéis.

Adriana Louvier fez sua estreia em solo brasileiro como a problemática Olga. Com a construção de uma personagem delicada e humana, Olga era uma moça mimada e egocêntrica que por causa disso, buscava lidar com seu complexo de bipolaridade e suas fortes tendências depressivas. Era alguém que gritava em silêncio que precisava de ajuda, mas talvez ninguém conseguia lhe entender. O perfil de personagem que a gente sente que poderia ajudar lhe dando um abraço e apoio. Revelação da Azteca, foi o primeiro trabalho de Adriana na Televisa e sem dúvidas, um dos mais especiais.


Quem roubou a cena foi Rômulo Ancira, interpretado por Ernesto Laguardia. Rômulo era um advogado corrupto que adorava usar de sua posição social e fortuna pra repudiar os mais humildes, como diversas vezes debochou de Regina e enganava a esposa com uma amante. Machista, egocêntrico, preconceituoso e misógino. De assassinatos ao seu modo absurdo de pensar, Rômulo foi do início ao fim um personagem capaz de ganhar a simpatia do público e ao mesmo tempo despertar o ódio. Era o tipo de vilão que o público gosta: debochado e desprezível.

Nos pontos negativos cita-se Lola Merino com sua Mercedes, a esposa de Rômulo. Era basicamente uma chifruda conformada e submissa ao marido, uma personagem que poderia ter rendido se não fosse tão mal construída. Entrou muda e saiu calada.
Maribel Guardia surgiu como Julieta, uma dona de casa que usava um penteado juvenil e delicado demais pra sua idade, erraram na caracterização da mesma, só pode.
A qualidade da novela é incrível: cenário, fotografia, elenco e principalmente, o texto, uma das qualidades das produções de José Alberto Castro. 
"Lágrimas de Amor" explorou o drama de mãe que dá a vida pelos filhos e ainda assim apresentou uma trama tradicional e marcante. Provou que uma história original de 1965 nunca sai de moda e é o tipo de novela do público do SBT ("Éramos Seis", "Meus Filhos, minha Vida"). O tema de abertura interpretado na voz de Cristian Castro é uma emoção sem fim. Pra quem não assistiu, vale a pena. É o tipo de novela pela qual você não dá nada, mas é surpreendido.






Obrigado pela visita e até a próxima!

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