| ANÁLISE: COM BAIXA AUDIÊNCIA, "ASAS DO AMOR" É MAIS UMA VÍTIMA DO ERRO DE PLANEJAMENTO E DA DIREÇÃO DA EMISSORA

Os protagonistas Alper (Kadir Dogulu) e Leyla (Seda Bakan) em cena da novela - Imagem: Reprodução/Band TV.

Recentemente, surgiram rumores de que "Asas do Amor", novela turca que a Band exibe de segunda a sábado, seria a última da emissora em vista do fracasso. É realidade que os números não são animadores e estão longe dos mesmos que alcançavam as primeiras, exibidas a partir de 2015 com "Mil e Uma Noites". Eu, telespectador assíduo e que me encanto a cada dia mais por "Asas do Amor", cito alguns motivos para o "sumiço" do público e a queda crescente de audiência da Band.

A impressão que ficou após o anúncio de estreia de "Asas do Amor" como substituta de "Amor Proibido", que ocorreu uma semana para sua estreia, foi de uma insegurança, incerteza. Ao meu ver, pareceu uma dúvida entre continuar ou não, já que a história da Bihter já não surtia o mesmo efeito na audiência como as antecessoras. "Em cima da hora" decidiram continuar e o que faltou foi uma divulgação forte da estreia. Na TV, poucas chamadas foram veiculadas e a que mais aparecia era uma referente a história, se esquecendo de uma apresentação dos personagens e de um esforço em colocá-las em horários de maior presença de telespectadores. Apostaram na sorte.
Hoje a concorrência está mais forte do que anos atrás, há um desfalque nesse ponto. Fica difícil competir com um produto "mais inferior" (na questão de alcance) com as emissoras no horário 'pós 20h'. O SBT tem se consolidado com sua programação noturna cada vez mais, principalmente com "As Aventuras de Poliana" seguida de "Chiquititas". A Record TV juntou um público fiel com a reprise de "A Terra Prometida" (que pega a audiência no embalo do "Cidade Alerta") seguido do "carro-chefe", a novela "Jesus". Já a Globo, segue imbatível com a entrega da trama das 19h "O Tempo Não Para" e o recebimento em alta do "Jornal Nacional" que se mantém e passa o bastão para "Segundo Sol". Existe uma força nas estações colegas que não se via há tempos.
Como se não bastasse, entra ainda a questão da dublagem de baixa qualidade realizada fora do Brasil, com uma tradução falha e um elenco de vozes que deixam um pouco a desejar. Dublagem barata de Miami, houve muita crítica do público que pode ter rejeitado e fugido diante do que lhe foi oferecido. É aí que o barato sai caro, quando se abre mão da qualidade para economizar em outro ponto.


Até o momento, a emissora já totalizou a exibição, por completo de cinco novelas de origem turca desde 2015.

Pra gente entender a relação e a queda das novelas turcas na Band é preciso voltar lá em 2015, onde tudo começou. "Mil e Uma Noites" foi a percussora. Estreou com uma divulgação insistente e misteriosa que percorreu pelos intervalos até por divulgação dentro dos programas. Até o extinto "Pânico na Band" à época falou sobre. A cantora Laís Yasmin (atualmente no "The Voice Brasil") ganhou o presente de ter sua música "Eu só queria te amar", como tema musical da história de Sherazade e Onur, além de ter feito um tour pelas atrações da casa, incluindo um pocket show sorteado pela Band entre os telespectadores. O "Jornal da Band" explanou a estreia, esta que foi um verdadeiro sucesso. No horário que antes dificilmente chegava a 1 ponto, a emissora fez a festa consolidando um público de 3 pontos.
A partir da segunda novela, "Fatmagül - A Força do Amor", a emissora se enrolou um pouco com a divulgação, mas nada muito desesperador ou fora do normal. O tema musical ficou em com uma interrogação até que "Chorar", versão em português interpretada na voz de Bruno & Marrone passou a fazer parte da mesma. Mais uma vez o sucesso estava seguro. 
Na sequência foi a vez de "Sila - Prisioneira do Amor", história que mostrava uma moça tentando fugir de um casamento forçado. Sua divulgação chegou atrasada (após o esticamento da edição de "Fatmagül") e junto de "Mil e Uma Noites", foram as únicas que estrearam já com tema musical, desta vez uma canção inédita interpretada por Li Martins, integrante do Grupo Rouge. Mais um sucesso pra coleção e um horário consolidadíssimo.
Talvez um dos primeiros erros da emissora teria começado no momento da escolha de "Ezel" para dar seguimento a sua linha de teledramaturgia. Desde o início, a Band trouxe para o horário um público feminino muito forte junto da romantização das histórias e a nova novela, famosa e exitosa fugia muito desse padrão. Regada à violência e uma trama de vingança e trapaças, todo aquele romantismo saiu de cena e deu espaço para contextos mais fortes. Menos amor e mais tiroteio. Responsável por ajudar na divulgação e dar um "up" os temas musicais a partir de "Ezel" demoraram cada vez mais a surgir. Apesar de ter permanecido por mais de 200 capítulos no ar, despediu-se derrubando a audiência para a casa dos 2 pontos.

Ao findar de "Ezel" a Band surge com uma ideia absurda de produzir um reality show e encaixá-lo às 20h20. E foi a partir daqui que tudo foi descendo de ladeira abaixo. Enquanto o "Exathlon", um formato comprado com os turcos não ficava pronto, escalaram uma reprise curta, em pouco mais de 60 capítulos de "Mil e Uma Noites". Com a estreia da competição de resistência, a audiência que era marca do horário foi buscar outras alternativas. Ainda sobrou para "Amor Proibido" que estreou no meio de dezembro, péssimo momento para estrear, quando o share está baixíssimo. Com uma divulgação porca e um cancelamento da estreia e uma volta atrás, sua estreia foi quase em silêncio. Não era mais a mesma coisa. E é graças a essa bagunça iniciada com a pausa das novelas que "Asas do Amor" se encontra numa situação de tão pouca visibilidade.

Agora um desabafo pessoal: pra ser sincero, minha intenção não era de acompanhar a novela, mas assisti alguns trechos no YouTube e me encantei pela fotografia. Dei uma chance e estou "preso" a novela desde o primeiro capítulo. Com a dublagem eu já me acostumei, dá pra levar com humor até (rsrs). Mas é triste ver uma história com uma qualidade tão boa, cheia de reviravoltas, mistérios e revelações bombásticas com um alcance tão pequeno de telespectadores. Resultado de uma falta de planejamento mais coerente da direção da Band, principalmente pra emissora que vem perdendo espaço cada vez mais por uma lista de erros cometidos neste ano, o mesmo que tinha tudo para ser o seu grande ressurgimento, a sua chance de se recuperar e levantar com a cabeça erguida e nos trilhos do sucesso.





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