| MALDIÇÕES, AMORES PROIBIDOS E POLÊMICAS: AS CURIOSIDADES DE "MARIANA DA NOITE"

Os dramas, os amores e os mistérios de uma moça que não consegue ser feliz por circunstâncias de uma maldição, é a base de "Mariana da Noite", novela mexicana que desembarcou no Brasil há 15 anos atrás nas noites do SBT. Hoje, é dia de conversar sobre essa polêmica e bizarra história que não obteve muito sucesso.


Alejandra Barros entregou uma Mariana frágil, sensível, ingênua e sofreu de tudo: perdeu a memória, foi presa, quase morreu e foi sequestrada. Foi um papel bem morno, que não deu muitas chances para ela se destacar - Imagem: Reprodução/Televisa.


A maldição de Mariana
Mariana Montenegro (Alejandra Barros) é uma jovem que carrega uma maldição por onde passa. No povoado, é notória sua fama de desgraça: todo homem que ousa se apaixonar por ela, acaba morto. O que ninguém sabe é que, na verdade, não há nenhuma maldição: o responsável pelas mortes de seus pretendentes é seu pai, aliás, pai de criação e não biológico, Atílio Montenegro (César Evora), um homem muito perverso e sem escrúpulos.


Único remake
Lançada em 2003, a novela é um remake da obra original, venezuelana, de mesmo nome, exibida em 1976 e escrita por Delia Fiallo. Mariana foi interpretada por Lupita Ferrer, famosa por personagens como a vilã Valéria de "Rosalinda" (1999). A versão mexicana é até hoje, o único remake da novela, provavelmente por ser uma história delicada e polêmica de ser recriada, mas que ganhou muitas possibilidades nas mãos do produtor Salvador Mejía Alejandre.

Jorge Salinas viveu Ignácio: um homem misterioso e que chega com desejo de vingança no povoado. Seu romance com Mariana é atrapalhado pelos inimigos que tentam destruí-lo, como quando fica preso num desabamento na mina e quase é morto na cadeia - Imagem: Reprodução/Televisa.


História de amor polêmica
A polêmica e estranha história de amor entre Atílio e Mariana poderia ser facilmente relacionada a uma relação incestuosa, o que complicou quando a novela original foi exibida. Pra entender melhor, é preciso voltar no passado. Quando a Mariana "original" foi ao ar, nos anos 70, a autora deu um "passo em falso" quando decidiu deixar o mistério do verdadeiro laço sanguíneo de Mariana e Atílio percorrer a novela. Na época, o público rejeitou a novela e compreendeu que se tratava de um caso de incesto: os dois não eram pai e filha, mas quando ela decidiu revelar a verdade, já era tarde. No remake, os autores e a direção foram espertos, já que, desde o primeiro capítulo, é deixado claro, para o telespectador, que, Mariana é filha de Elisa, a mulher que Atílio nunca pôde ter, então, após matar a amada, rouba sua filha e cria como se fosse sua. Ela cresce e Atílio fica cada vez mais fascinado pela enteada, por enxergar nela Elisa e, então, passa a nutrir um amor completamente obsessivo. 

Angélica Rivera roubou a cena como Márcia e seu obsessivo amor por Ignácio, o garanhão desejado por todas. Mentir e roubar o bebê de Mariana para fingir ser seu, foram as mínimas de suas atrocidades para manter o protagonista ao seu lado: morre para salvar ele. - Imagem: Reprodução/Televisa.



As críticas da autora Delia Fiallo
Famosa por "reclamar" seus remakes na Televisa, em entrevista, Delia revelou muitos descontentamentos. Primeiramente, criticou que os autores deformaram sua história e, que, apesar de haver cláusulas no contrato com permissão aos autores fazerem alterações do que fosse conveniente, no México isso não era cumprido e as mudanças eram sempre respondidas pelos autores e produtores. Ela intensifica que "costuma ver novelas tão tolas e infantis que se envergonha de acharem que ela escreveu". 
Questionada sobre o "estilo Televisa", relata que existe uma entrega fácil de todas as informações ao público e que parecem fazer novelas para "deficientes mentais", complementando que "às vezes eles escrevem textos como se falassem para o público: 'olha, você é tão nojento, eu vou te explicar'".
Sobre o papel de protagonista, comenta que ela escolheu o nome de Alejandra, mas lamenta não terem mudado seu visual e feito ela parecer "muito simples".
Em seguida, fala sobre a escolha da atriz para o papel de Lucrécia: “Queria que aquela personagem fosse uma mulher brilhante e sedutora, por isso propus Verónica Castro, Laura León e Azela Robinson, mas me deram María Rojo, uma mulher pequenina que não me dá o esplendor que esta personagem deveria ter, porque não é crível que um homem como César Évora tenha como amante uma mulher dessa idade". Segundo ela, a Televisa impôs o nome de María Rojo, por ela estar voltando à empresa naquele momento e que escreveu, em vão, uma carta dizendo que a escalação era ilógica.
Por fim, Delia comentou que queria Osvaldo Ríos para o papel de Ignácio e que Jorge Salinas não tinha nada a ver com o personagem, comentando também seu descontentamento em trabalhar com Salvador Mejía, já que esperava uma relação harmônica e não frustrante como resultou.

María Rojo como Lucrécia: no passado teve um caso com Atílio e teve um filho que é Ignácio, mas que ela sempre pensou ter morrido após o nascimento. A imagem é de um momento bizarro da novela: depois de um acidente armado por Márcia, Lucrécia fica por um período em estado vegetativo, apenas ouvindo as conversas da vilã e se expressando apenas por "pensamentos" - Imagem: Reprodução/ Televisa.



Mudanças de visual
Ao decorrer da novela, Mariana passa por muitas mudanças de visual, que marcam suas fases. No começo da novela, usa vestidos bem simples e roupas pretas que justificam seu luto, usando o cabelo sempre solto e com um semblante sempre sério e reprimido. Posteriormente, muda para roupas mais sofisticadas quando passa a trabalhar no casino de Costa Esmeralda. Em sua fase final, após herdar uma mina como herança de sua verdadeira família, passa a usar looks mais rústicos, com acessórios como botas, chicote e o cabelo sempre amarrado.
Outra que passou por transformações foi Márcia (Angélica Rivera). Ela inicia a novela como uma mulher totalmente descuidada com aparência e decide valorizar sua beleza e aflorar seu lado feminino e sensual para conquistar Ignácio. Na dificuldade de obter sucesso, acaba tornando a usar seus antigos looks de trabalho na mina.


Violência extrema
Mortes e extensas cenas de violência marcam essa novela. De perseguições a assassinatos à sangue frio, como podemos relembrar alguns. No auge de obter seu amor por Ignácio, a vilã Márcia (Angélica Rivera) comete atrocidades, como roubar o bebê de Mariana e criá-lo como seu, além de golpear e matar o padre da paróquia na sacristia, numa emboscada. Por sua vez, Atílio foi capaz de orquestrar uma verdadeira chacina no passado e, além de outras tentativas frequentes contra a vida de Ignácio e de outros inimigos.  Grande parte dos assassinatos de Atílio foram realizados pelas mãos de seu fiel capataz, Cupincha (Sérgio Acosta), que após revelar todos os seus crimes, fica cheio de remorso e passa a ser atormentado pela culpa, comete suicídio numa árvore. No meio da novela, ainda surge outro vilão, Ivan (Roberto Blandón), que vem a ser parente de Mariana: numa de suas investidas, quase é morto e ainda manda seu capataz estragar materiais de obra de Ignácio, mas  acaba causando a morte do menino Gonçalinho, que morre com a inalação de um gás tóxico (o menino quase morreu soterrado numa mina, anteriormente).

César Evora foi sem dúvida o maior destaque da novela: deu um ar de ódio e ganhou o repugno do telespectador com Atílio, um homem extremamente perigoso e cruel. Morre caindo do alto de uma cachoeira, numa montagem risível de chroma key - Imagem: Reprodução/Televisa.


Bizarrices
No povoado onde a novela se passa, existem figuras muito curiosas e até mesmo bizarras. No meio da mata mora o curandeiro Isidro (José Carlos Ruiz), que joga seus "ossinhos" e recebe mensagens místicas e poderosas do meio da floresta. Ele chega a curar vários personagens da novela e, ainda possui o superpoder de se transformar em águia, chegando a salvar Ignácio na cadeia com esse poder. Outra misteriosa moradora da floresta é Maria Lola (Patricia Reyes Spíndola), uma louca que anda vagando pelos arredores e fala coisas que não parecem ter sentido nenhum, mas sabe mais do que todos imaginam.
Quem testou a paciência de muitos foi Tati (Adriana Fonseca), filha de Atílio com Maria Lola (o que passa a ser um grande segredo por muito tempo). Tati era irritante, insuportável, mimada ao extremo, completamente surtada, tinha um amor obsessivo pelo médico Camilo (René Strickler) e uma inveja descontrolada de Mariana, chegando a esfaqueá-la. É a líder das personagens mais chatas de todos os tempos. 


O esticamento da novela
Não se trata de nenhuma grande obra da dramaturgia, mas o esticamento da novela, ordenado pela direção, acabou por causar vários problemas e tornou a novela cansativa e incoerente. Foi neste momento que o telespectador começou a se sentir sendo feito de bobo. Para justificar o que aconteceria até o findar, a personalidade de Mariana foi alterada: se antes ela já era ingênua e inocente, se tornou pior, a ponto de abrir mão de seus objetivos, como de preferir cuidar de Atílio a ficar com Ignácio, mesmo sabendo que o vilão matou seus familiares, condenando Ignácio por seus atos e declarando ódio a ele. A baderna chega ao limite quando Mariana decide se casar com Atílio, "apenas por gratidão e, posteriormente, a sequestra e esconde-a numa gruta, presenteando o público com uma sequência de diálogos e atitudes vergonhosas.

Isabel (Alma Muriel) era a irmã de Atílio, vive pela família e é o intermédio entre as desavenças de cada um. Na imagem também, a surtadíssima Tati - Imagem: Reprodução/Televisa.




O sumiço de Márcia nos capítulos finais
Grande vilã que atormentou a vida dos protagonistas, Márcia some misteriosamente após um rápido encontro na floresta com Mariana, quando lhe dá uma surra. A resposta é simples: a atriz Angélica Rivera precisou de ausentar da novela por motivos de saúde. Ela precisou sair e o produtor criou esse misterioso sumiço, até que reaparece no último capítulo, através de takes risíveis e com o auxílio de uma dublê, que teve o rosto de Angélica inserido posteriormente e digitalmente.


O desempenho de Alejandra Barros e os bastidores
O peso de Mariana foi muito maior para Alejandra Barros, que estreava na televisão e teve que ouvir muitas críticas negativas por seu desempenho por causa de uma personagem sem muitos nuances e presa no estereótipo da mocinha ingênua e incapaz de maltratar uma mosca. Hoje, atriz consagrada, ela reconhece que foi um desafio, que ganhou elogios, mas também muitas críticas. "Fazer uma protagonista quando não tinha muita experiência e assim como o comentário que acabei de ler da sua opinião que, Angélica era mais protagonista que eu, foram comentários assim que recebia todos os dias e muitas pessoas me atacaram, outras pessoas me mimavam".
Nos bastidores, ela comentou que Patricia Navidad, que viveu Jandira na história, se tornou um grande apoio. "Paty Navidad se sentava comigo, segurava minha mão, me confortava quando eu já estava muito cansada por não ver meu filho há muito tempo, então Paty foi um grande apoio", disse.
Sobre ter trabalhado com Angélica Rivera, declarou ter sido um aprendizado gigantesco. "Ela tinha muito mais experiência do que eu quando fizemos Mariana da Noite e ela foi uma parceira que me ensinou muitas coisas dentro e fora do set. Angélica estava sempre lá para me dar as respostas no tom que fosse necessário. Se a cena tinha que ser repetida 15 vezes, ela sempre estava lá no pé da câmera".

O final feliz enfim chega e Ignácio e Mariana se casam, em cerimônia religiosa, embaixo da árvore onde se conheceram - Imagem: Reprodução/Televisa.


Transmissão pelo SBT 
"Mariana da Noite" estreou em 16 de janeiro de 2006, às 20h30 e era a grande aposta do SBT. Exibida em horário nobre, a novela ocupava o cargo de principal produto da teledramaturgia da casa, após o fim de "Os Ricos também Choram" (2005-2006), que já não tinha surtido o resultado esperado pela emissora. Naquele momento, aconteceram mudanças recorrentes de horário, conhecida como a fase da "grade voadora". Os dramas de Mariana não seguraram o público, por diversos motivos, como de competir diretamente com a novela "Passione", da Globo, além de tantas bagunças e reviravoltas que só serviam como opção de "ganhar tempo". A audiência foi decaindo e vieram as consequência: cortes, com ajuda de flashbacks de cenas que não haviam sido exibidas, redução gradativa de duração dos capítulos e até mesmo a abertura deixou de ser exibida. Ainda foi reclassificada de "livre" para "inadequada para menores de 14 anos'. Com tudo isso, acabou terminando como um fracasso e sendo esquecida pelo público.



Fontes: https://telenovelas.boards.net/thread/56413/delia-fiallo-habla-mariana-version /// https://es-us.vida-estilo.yahoo.com/agred%C3%ADa-gente-alejandra-barros-recuerda-120706967.html?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS8&guce_referrer_sig=AQAAAAv22JqtGpl8PmhbWAgRJOLfS-zdqmKcF8wh-IlKM5RCYqnIC36aIsKSMIeW-KfZZDdCyEQIjNERlbQ8Zn02hY7epJ-hpC8xIew1cAUE4OR6lBCMj-jk4rYseUENAWEqldPvpQcYsngrx7XLBrt1qObP2YWVy55-RYEFSkA86cCw.



Lembra da novela? O que achava dela?  Qual é a sua opinião?
Por hoje, isso é tudo e espero que tenham gostado.
Obrigado pela visita e até a próxima!

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