| CRÍTICAS DE NOVELA #4: "A GATA" (La Gata)

A escolha de substituta para "Meu Coração É Teu" consistia na espera por uma comédia romântica ou alguma produção com um tema mais divertido e menos dramático. Mas como a realidade é cruel, o SBT trouxe "A Gata".

Exibida originalmente em 2014 no México, foi baseada numa obra clássica de Inés Rodena com adaptação de Maria Antonieta "Calu" Gutierrez, utilizando-se do texto que Carlos Romero usou em "Rubí Rebelde", uma novela venezuelana de 1989 que misturou "La Gata" com "La Italianita", esta última que originou "Maria Mercedes" (1992). 

O texto e as situações eram perfeitos para Nathalie Lartilleux fazer a maior bagunça e transformar num circo. Entre falhas e má adaptação, cita-se a repetição excessiva de frases e palavras chave, como "maldita gata do lixão" e as inúmeras vezes que a personagem Esmeralda era chamada de Gata num mesmo diálogo. A história era enraizada num panorama mais atual e era impossível acreditar que Esmeralda nos dias atuais vivia isolada do mundo, era analfabeta e ainda mais que um rapaz rico e bonito se apaixonasse perdidamente por uma moça suja e fedorenta como ela. Outro erro é a inexistência de tramas paralelas que não tivessem ligação nenhuma com Esmeralda, todos os personagens tinham algum contato com ela.

Trabalhando pela segunda vez com Nathalie, Maite Perroni deu vida a moça maltrapilha que acredita no amor verdadeiro e acreditem se quiser, luta pelas suas sete vidas como uma verdadeira gata e só é feliz de fato no capítulo final. Mais uma personagem repetitiva e parada para o currículo da atriz, Esmeralda acreditava em qualquer conversa e por qualquer coisa se negava a dar uma chance de resposta e se afastava de vez de Paulo, era burra e em todos os sentidos. Depois de descobrir que está grávida de Paulo e ele no exterior, decide trabalhar: começa numa empresa de telemarketing e acaba subindo barriguda num caminhão de carga e despenca lá de cima (que empresa daria emprego a uma moça nessas condições?). Seu par foi Daniel Arenas que viveu Paulo (Pablo), um grande "banana" que vivia na barra da saia da mãe, esta que ainda mandava nele e passou a vida tentando separá-lo. Era insuportável vê-lo fazendo o mesmo papel do bobão conformado e colocando ralo abaixo mais uma oportunidade de mostrar algo a mais. Não há muito o que dizer de Paulo, já que beirava a monotonia e só sabia recitar palavras e poemas de amor para Esmeralda.


Quem apareceu para apimentar a trama foi Gisele (Gisela), personagem caricata e exagerada de Mónica Sanchez. Era a típica vilã que faz diversas maldades das mais loucas possíveis para separar o casal protagonista. Com a desculpa de ter se apaixonado por Paulo e querer casar com ele a todo custo, tentou matar Esmeralda diversas vezes como num acidente de carro em que a moça fica paraplégica depois de bater em barris de água, ter jogado ela do alto de um morro num matagal abaixo de cadeira de rodas, entrado no hospital com uma cobra e a colocou na cama de Esmeralda, que quase morre depois de ser picada (mas a cobra sequer encostou nela) e além da cena onde entra numa festa à fantasia vestida de Mulher Gato e manipula a bebida de Esmeralda para se aproveitar de Paulo. Com Paulo, ela o prendeu junto dela num quarto e colocou fogo no cômodo, tentou matar o garanhão e se aproveitou de sua falta de memória para levá-lo para sua casa e dizer que era sua esposa. Se aproximou de Mariano (Jorge Poza), que se apaixonou por Esmeralda e também queria separá-la do irmão, arquitetando planos juntos, simulando até uma doença.

Dona Rita, a personagem de Pilar Pellicer, explorava Esmeralda e atormentava a vida da moça e foi de pobretona a uma reviravolta maluca onde ficou rica e se esbaldou no glamour, apresentando ao telespectador uma sequência de cenas cômicas vergonhosas. 
Quem fez uma grande loucura foi Erika Buenfil que recusou o papel de Graciela em "Lo que la Vida me Robó" (O que a Vida Me Roubou) para viver Perla, a mãe louca de Esmeralda. A mesma personagem que ela fez em "Mar de Amor" com todos os estereótipos de demência. Perla (Fela) andava pra todo lado com uma bonequinha a quem chamava de filha e estava frente a frente com a filha o tempo todo. Do outro lado temos "O Silencioso" (tosquice de nome), personagem de Manuel Ojeda, preso graças a um golpe da família de Paulo. Com a saída da cadeia, ele conhece Esmeralda e decide ser como um anjo na vida dela: convida-a para morar com ele, a transforma numa moça descente, bonita e estudada. Ele reencontra a esposa e ela também passa a morar com eles, que descobrem que Esmeralda é a filha deles, mas esperam até as proximidades do capítulo 80 para a revelação mais óbvia da novela, sendo que o público já conhecia o parentesco deles, menos Esmeralda.


Houve o destaque para o casal juvenil formado por Virgínia e Centavinho. Interpretados respectivamente por Mariluz Bermudez e Pierre Louis, ela era irmã cega de Paulo que se apaixona pelo amigo mendigo de Esmeralda. Mais uma vez era difícil acreditar nesse romance que se embasava na falta de realidade e absurdo. Na cota dos cegos, ainda temos o médico Xavier de Marcelo Córdoba, que se apaixona por Esmeralda (que mel essa garota selvagem tem?). No dia do casamento de Virgínia e Centavinho, Lorena interrompe a cerimônia e diz que a moça não é sua filha biológica e tem uma doença (justamente agora) indefinida, que morre deixando uma filha logo a frente dos capítulos. Deixa uma filha, que nasce cega e se chama Virgínia também. 
Laura Zapata deu vida à Lorena (Lorenza), a mãe possessiva de Paulo que também se une à Gisele para destruir a felicidade do próprio filho. Laura Zapata repetiu o estilo de vilã clássica que reproduz na TV desde "Maria Mercedes". Seja ofendendo os pobres e dizendo o quanto são diferentes e repugnantes, Lorena foi mais uma dessas personagens em sua carreira. Empurrou várias pretendentes pro filho, inventou que os netos eram de outro homem e ofendeu a nora o tempo todo de "maldita gata do lixão".

"A Gata" chega num momento que entra num marasmo e não tem mais nada para contar perto da reta final. Começa a fase da "barriga" e Esmeralda e Paulo voltam a criar picuinhas entre eles e surge então Juan Garza (João Garça, na dublagem), um homem que esteve o tempo todo preso e se apresenta como o verdadeiro pai dos filhos de Esmeralda. O problema é que isso era simplesmente impossível e os personagens caíram nessa história: Paulo passou a desconfiar da mulher e Lorena se aproveitou para colocar a honra da nora em dúvida. Como que um homem que passou todo esse tempo preso seria o pai das crianças? Não bastasse tudo isso, Lorena colocava o neto Paulinho contra a mãe e queria que ele ficasse com ela a todo custo.
Detalhe para as características dos filhos dos personagens. O figurino da menina era o mesmo da mamãe e o menino, tinha o mesmo estilo do pai.

A abertura apresenta mais uma vez a preguiça da equipe de Nathalie em fazer um trabalho caprichoso e bonito. Entre cenas da novela, pedaços de vídeos promocionais e créditos acinzentados, o que salvou foi o tema interpretado por Maite Perroni, "Vas a querer a Volver". Até a abertura editada pelo SBT foi uma das melhores que já refizeram.
Foi gravada num lixão de verdade e alguns colegas de elenco tiveram problemas em gravar no local, como foi o caso de Laura Zapata. Maite se enturmou com os moradores do lixão e chegou até a pagar almoço para eles. Neste ponto, mostraram o cotidiano das pessoas que vivem na miséria e que tiram o sustento do lixão, mas tudo isso ficou preso dentro da ficção e da "realidade" dos personagens.


Desde o primeiro capítulo dá pra ter uma noção de como a novela é fraca e que não existirá história suficiente para sustentar 120 capítulos. Com direito a muitos closes, cenários brancos e vazios, ofensas aos pobres e tudo que uma novela maluca de Nathalie Lartilleux exige, esta é ruim em elevações inacreditáveis. Fantasiosa e com situações que desafiam a compreensão da mente humana, se revela uma prova de resistência e coragem. Foi a maior audiência dentre as Novelas da Tarde (11 pontos) e com o tempo, só caiu conforme a qualidade da novela desapareceu. MALDITA GATA DO LIXÃO!





[ BÔNUS ]




Obrigado pela visita e até a próxima!

Comentários

  1. e porque não reprise a novela maria isabel voces aqueceram dela eu amei e quero assistir novamente ela será quer o sbt não quer mais audiencia no canal pois reprise a maria isabel depois de coração indomavel

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  2. Toda vez que tô triste procuro essa postagem no Google. Sempre me acabo de rir kkkkkk a gata foi a novela mais horrorosa e hilária que eu já vi na vida

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  3. Novela horrível, principalmente na parte do João garsa do nada aparecer falando que os filhos da gata eram dele do nada, não faz sentido algum o juiz deixa as crianças com uma pessoa estranha não faz sentido nunca isso ,horrível

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