| RETROSPECTIVA DA TV: AS PIORES ESTREIAS DO ANO DE 2019

Chegou o glamouroso momento de eleger as piores estreias do ano de 2019. O que foi redigido aqui reflete minha opinião, mas uso de base a crítica em geral. A lista vai falar dos programas de TV e novelas que foram destaque negativo por sua qualidade e conteúdo de gosto duvidoso, até mesmo decepcionante. Esperamos que 2020 seja melhor em muitos sentidos, principalmente na televisão.


IMAGEM: TV GLOBO/DIVULGAÇÃO.
Abrindo a lista, o mico do ano da Globo: o "Se Joga". Com o cancelamento do "Vídeo Show", que estava no ar desde 1983, a emissora segurou o espaço deixado com o seriado "A Grande Família", enquanto preparava um programa para o período vespertino. Foi nesta época que pipocaram muitas informações dizendo que o "Encontro com Fátima Bernardes" seria transferido para as tardes, o que jamais ocorreu. O sucesso do "Álbum da Grande Família" foi tanto que os episódios especiais desse copilado foram todos exibidos e passaram a reprisar episódios "comuns" da série. Em 30 de setembro, a Globo lançava a nova programação e com ela, a estreia do "Se Joga". Apresentado por Fernanda Gentil, Érico Brás e Fabiana Karla, o programa se tornou uma chacota entre o público e os internautas. Além de ter derrubado consideravelmente a audiência da Globo, a atração é uma mistura de tudo com nada. Pouco ali funciona. Os apresentadores na maioria das vezes ficam perdidos, é uma bagunça desorganizada, literalmente. Quadros e brincadeiras fúteis complementam e dão ao "Se Joga" o título de pior programa do ano.


IMAGEM: REPRODUÇÃO SBT/ESTRELLA TV.
Ainda no topo dos piores está o "Alarme TV", uma das maiores loucuras de todos os tempos de Silvio Santos. O animador descobriu um programa de um canal hispânico que tem uma "certa fama" pelo seu conteúdo extremamente violento e perturbador. Categorizado como jornalismo, o programa apresenta vídeos de regiões diferentes do mundo mostrando flagras de acidentes, assassinatos, canibalismo em cadeias, comidas nojentas, perigo extremo e entre outras coisas, sem qualquer o pudor. Na volta dos vídeos, os apresentadores usam de piadas e trocadilhos absurdos para descontrair e "aliviar" a tensão dos acontecimentos. Não há referências de quando ocorreu, onde, a fonte e nem informações de como terminaram os incidentes. Se não bastasse a baixaria que já era de conhecimento da maioria, Silvio não aceitou as críticas e decidiu estrear mesmo assim. Mandou dublar e estreou, de surpresa numa noite de terça-feira após a novela "Abismo de Paixão". O programa durou um único dia no ar, mas por pouco tempo. A grande revolta ocorreu quando o "Alarma" reestreou na programação, dois dias depois, em plenas 10h30, antes do "Bom Dia e Cia.", deixando quem esperava o início dos desenhos de cabelo em pé. Após uma enquete no site, Silvio Santos descansou e esqueceu isso. Espero que seja pra sempre.


CENA DO EPISÓDIO "PROMESSA DE AMOR DE UMA MÃE" - IMAGEM: TELEVISA/DIVULGAÇÃO.
Ainda nas loucuras de Silvio Santos, temos mais uma. Silvio Santos acreditava que, "Carrossel", reapresentada às 18h, ultrapassaria e venceria o "Cidade Alerta", da Record TV, o que ficou apenas em seus sonhos. Em 11 de março, estreia na emissora "A Rosa dos Milagres", uma popular série de cunho religioso que faz um sucesso enorme no México. "La Rosa de Guadalupe" não conseguiu apenas manter em baixa a audiência do horário, mas também afastou quem não entendeu que não se tratava de uma novela e sim, de uma série. Resultado: durou menos de 1 mês.  Como Silvio não descansa enquanto não consegue o que quer, a série retornou em agosto, no mesmo horário, rebatizada como "Milagres de Nossa Senhora". Desta vez, a atração conseguiu uma audiência considerável ao ser exibida entre duas novelas, mas milagre mesmo não aconteceu, saindo do ar em outubro.


IMAGEM: DIVULGAÇÃO/SBT.
O "Programa da Maisa" estreou como uma promessa de dar um espaço merecido para Maisa na televisão. Ela ganhou um programa só seu e vendeu rapidamente várias cotas de anunciantes. A estreia foi muito divertida, mas o SBT e a produção do programa obtiveram a missão árdua de manter o nível de convidados e atrações. Rapidamente a ideia se esvaiu, os comentários do público cessaram e o programa se apoiou numa fórmula de mesmice, convidados sem apelo e uma roteirização exagerada. Tinha tudo para ser uma das grandes novidades da televisão de 2019, mas caiu no modo "mongoloide", como se todos que assistem se divertissem com tanta futilidade.


IMAGEM: REPRODUÇÃO SBT.
Outro programa que desceu a ladeira em 2019 foi o "Eliana". A apresentadora sempre pregou que a ideia era levar alegria, diversão e entretenimento sem apelação para os telespectadores, mas neste ano, usou o mínimo dessa proposta. Na briga pela audiência, Eliana instaurou uma série de matérias sensacionalista que exploraram as desgraças do pobre e muito chororô, algo extremamente comum nos dominicais da Record TV com o "Domingo Show" e "Hora do Faro". No domingo, o povo quer relaxar, se divertir, não quer preocupações e sofrimento, já a televisão, quer drama e muitas lágrimas. Chora que a audiência sobe!


OS FINALISTAS DA TEMPORADA "A REVANCHE" - IMAGEM: DIVULGAÇÃO/BAND.
A milésima edição anual do "MasterChef Brasil" só reforçou como a Band destruiu o programa, que desde sua estreia, se tornou "a galinha dos ovos de ouro" deles. Uma edição atrás da outra e o desgaste do formato contribuíram para o afastamento do telespectador, o que aponta a audiência que caiu significativamente. Se em 2015, caso você entrasse no Twitter às terças, após às 22h, encontrasse todo mundo comentando o programa, hoje é raridade encontrar esse tipo de atividade.


LUCAS VIANA, VENCEDOR DA TEMPORADA 11 - IMAGEM: REPRODUÇÃO/RECORD TV.
Por falta de pessoas realmente famosas, a edição número 11 de "A Fazenda" foi uma das piores. Ainda funciona comercialmente, mas não foi mais a mesma coisa. A quantidade de participantes que tinham fama relevante eram pouquíssimos, dava pra contar nos dedos de uma mão. A falta de conflitos e embates que sacudissem a sede também deixaram muito a desejar. A audiência também foi uma das piores entre todas as temporadas. Talvez seja sinal de que, às vezes, é preciso ouvir a opinião do público e fazer o que eles querem, como escolher participantes que o telespectador queira ver lá dentro.



MESMO COM SEUS COMENTÁRIOS ABSURDOS, PAULA FOI ELEITA CAMPEÃO - IMAGEM: DIVULGAÇÃO/TV GLOBO/VIX.COM.
Este não foi o ano dos reality-shows. Nem o "Big Brother Brasil 19" escapou da pior seleção de participantes de todos os tempos e de uma atitude mais drástica da direção. Quem assiste e assina os serviços de pay-perview quer ver os participantes brigando, chorando, gritando e xingando todo mundo, não ver os participantes fazendo meditação e dormindo o dia todo. Haja paciência!


IMAGEM: DIVULGAÇÃO/SBT.
Foi com pompa que o SBT anunciou a contratação de Tiago Abravanel, que ganharia um programa só seu. Estreava, em 11 de outubro, o "Famílias Frente a Frente" que entrou nas noites de sexta-feira ocupando o espaço da "Tela de Sucessos". Além de ter conseguido derrubar a audiência que a sessão de filmes costumava obter, o reality-show foi vítima de um mau planejamento absurdo. O formato não é dos mais atraentes e talvez, exemplifique a saturação das competições culinárias. Resultado: um programa que passou quase despercebido e nem conseguiu ser popular nos comentários em redes sociais.



IMAGEM: DIVULGAÇÃO/SBT.
No ar desde 1998, o "Teleton 2019" clamou por socorro. Primeiro, é importante que o responsáveis revejam o formato. Está se tornando cada vez mais chato e cansativo chamar quatro pessoas pra ficar no palco, na frente de câmeras, repetindo números de telefone e pedindo doações. É necessário algo que divirta e incentive quem assiste continuar ali. A edição deste ano também foi marcada por diversos erros ao longo da transmissão, como Sílvia Abravanel, que costuma explanar ao público problemas que deveriam chegar ao conhecimento popular. A falta de Silvio Santos, que não pôde ir por estar passando por uma gripe, foi a "cereja do bolo": as filhas e a esposa Íris foram responsáveis por segurar a apresentação, com direito a teleculto e uma bagunça generalizada. Pra edição de 2020, espero mais entretenimento e mais organização.



IMAGEM: DIVULGAÇÃO/TV GLOBO/VEJA.
O maior mico desse ano dentro da teledramaturgia atende pelo nome de "O Sétimo Guardião", novela das 21h escrita por Aguinaldo Silva e um grupo numeroso de "colaboradores", estes que fizeram parte de uma master class oferecida pelo autor que, fora acusado pela turma de ter plagiado a história deles. Na frente das câmeras e atrás delas, a novela sofreu muitos desfalques. Além da briga judicial pelos direitos da obra, os bastidores se tornaram mais atraentes que a própria história com a polêmica traição de José Loretto para com a esposa, com a insinuação de Marina Ruy Barbosa, ser o pivô disso. As proporções do caso ficaram maiores com a história do "surubão de Noronha", que deu o que falar. Mais adiante, Bruno Gagliasso pediria um atestado de licença para tratar de um problema nos rins, o que não convenceu muitos. Os números de audiência caíam enquanto as polêmicas de bastidores só prejudicavam a novela, com uma trama extremamente desinteressante e calcada em situações ridículas. Era Aguinaldo prometendo uma novela que ele não entregou: a volta do "realismo fantástico" que o consagrou. Prometeu uma novela para fugir da nossa realidade cada vez mais cruel e apresentou algo escuro, pesado e por muitas vezes, melancólico. Uma novela ruim em todos sentidos.



IMAGEM: DIVULGAÇÃO/TV GLOBO/GSHOW.
Os anos 1990 estavam de volta numa novela que apostava em se passar toda nessa época. "Verão 90" foi mais uma das novelas deste ano que prometeram muito e não trouxeram a metade. O início era promissor, mas as autoras se perderam na trama, que se esvaziou rapidamente e, começaram então, a apostar em referências para chamar atenção e segurar no ar. O problema maior foi como elas fugiram dos anos 90 e jogaram diversas coisas que estavam ligadas aos anos 80. Não foi nenhum fracasso, mas o conteúdo deixou muito a desejar.



IMAGEM: DIVULGAÇÃO/TV GLOBO/PURE PEOPLE.
A dupla Duca Rachid e Thelma Guedes trouxe para as 18h seu novo projeto: "Órfãos da Terra". O foco era falar sobre os refugiados sírios. Dava para ver como a Globo estava mirando no mercado internacional. A fotografia era perfeita e a novela era um encanto, uma obra prima que muitos internautas diziam ser digna do horário nobre. E a novela era realmente incrível, até que a dupla acabou com o plot rápido demais e isso, logo no início da novela. Daí pra frente foi "ladeira abaixo". A novela começou a andar em círculos intermináveis e os personagens começaram a sofrer sequestros e mais sequestros, uma característica que a dupla de autoras costuma recorrer em suas histórias. Foi uma série de equívocos culminados por uma falta de conteúdo e repetitividade. Traduzindo: uma novela que começou excelente e terminou como uma das piores do ano. 



IMAGEM: DIVULGAÇÃO/TV GLOBO.
Walcyr Carrasco não conseguiu descansar muito depois de "O Outro Lado do Paraíso. Ele foi chamado para socorrer o horário nobre e tentar recuperar a audiência perdida, furando assim, a fila de autores escalados das 21h. O mesmo contou que concebeu a sinopse de "A Dona do Pedaço" em 15 dias. Ele recorria a sua fórmula de novela popular, com protagonistas do povão e situações que desafiavam o bom senso e a coerência. Prestou desserviços em assuntos importantes e apresentou uma vilã sem grandes propósitos, fraca. No mais, é inegável o sucesso da história da boleira, seja em audiência, repercussão e comercial: choveram campanhas publicitárias envolvendo a protagonista Maria da Paz, (Juliana Paes) e a digital influencer Vivi Guedes (Paolla Oliveira). O autor deu ao público a bagunça que queriam ver que, apesar de ruim, se tornou um sucesso graças ao grande público.



IMAGEM: DIVULGAÇÃO/SBT/ NOTÍCIAS DA TV - UOL.
Por último, a longuíssima "As Aventuras de Poliana", que caiu no desgaste que acarretou a fuga de uma parcela do público. Pra completar, a novela que viria a substituí-la no próximo ano foi protelada e, esta, acabou ganhando novos capítulos, além de mais uma previsão incerta de término. O mau planejamento do SBT é o maior percalço do núcleo de teledramaturgia da emissora que míngua com produções exclusivamente infanto-juvenis e possui, estrutura muito mal para manter uma trama no ar. Dias difíceis para quem ainda sonha com o segundo horário de novelas.




Essa foi a minha opinião. E a de vocês?
Obrigado pela visita e até a próxima!

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